domingo, 25 de maio de 2008

As Cidades Invisíveis

Sinopse
A humanização das cidades
"Não se sabe se Kublai Khan acredita em tudo o que diz Marco Polo quando este lhe descreve as cidades visitadas em suas missões diplomáticas, mas o imperador dos tártaros certamente continua a ouvir o jovem veneziano com a maior curiosidade e atenção", escreve Italo Calvino (1923-1985) na abertura deste volume de narrativas breves lançado em 1972. A observação vale também para o leitor: não será preciso acreditar em nenhuma das fantásticas cidades do livro para "ouvir com a maior atenção" a prosa irretocável de Calvino, escritor nascido em Cuba mas radicado na Itália desde a infância. Suas cidades invisíveis até poderiam estar fundadas "só em palavras", como a "cidade ideal" do Platão d'A República. Não é essa, porém, a sensação que assalta o leitor ao final da coletânea. Femininas não apenas nos nomes (Isidora, Anastácia, Maurília), mas também em sua natureza (compreenda-se: as cidades são mulheres que abrigam os homens em seus úteros, dando-lhes vida diariamente), elas suplantam a geografia em favor de outras realidades -da memória, dos símbolos, do desejo. Numa palavra, são humanas.


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